sábado, 9 de abril de 2011

Preparação para um concerto

Conselhos:
A ansiedade tem sido a grande vilã de muitas performances nas salas de concerto. Dá para ler na face de muitos executantes: “Deus Poderoso, apenas não me deixe falhar no Mi bemol no começo da segunda página”. Em função disso a música inteira é comprometida. Em uma reportagem na Veja pôde-se ler que músicos de grandes orquestras estão lançando mão de medicamentos – beta-bloqueadores – para diminuir a taquicardia na apresentação. Outros se valem de bebidas alcoólicas ou outras drogas. Será possível controlar os males da ansiedade?
A ansiedade é disparada por pensamentos negativos com relação às habilidades técnicas na execução do intrumento. Tais sensações são potencializadas pelo medo e possibilidade de humilhação e percepção negativa que outros terão de nós após uma performance mal-sucedida. Tal quadro pode mesmo se agravar resultando em baixa auto-estima. Como contornar isto?
Execute a peça que está estudando incontáveis vezes num regime de regularidade e consistência. Confiança e convicção brotarão dessa prática; os sinais de preparação e capacidade são colhidos na sala de estudo. Veja-se tocando no lugar da apresentação muitas vezes. Feche os olhos visualizando a saída de casa no grande dia, chegando ao local da apresentação, aquecendo, ouvindo o burburinho dos presentes, entrando no palco, produzindo um bom som aos ouvintes, ouvindo os aplausos e a sensação de apreciação que a platéia terá. Mergulhe em pensamentos positivos.
O primeiro gerador de ansiedade é o despreparo. Não perca nenhuma oportunidade de estudar antes do recital ou apresentação. “Na hora sai” é para músicos medíocres. Caso tenha tocado bem nos ensaios e durante os estudos é muito provável que fará novamente. Se possível, grave a si mesmo antes da apresentação, ouça e faça ajustes. Convide um músico de confiança e toque para ele, ouça os conselhos com critério. Aqui vale lembrar Roger Voisin:
“Minha melhor recomendação é que ouçam seu professor e não outros estudantes”.
Estando preparado, aproveite a adrenalina liberada e canalize essa energia para o melhor. Você foi escolhido para estar naquele momento no palco, o que indica que é a pessoa mais indicada para essa tarefa. Ainda que estejam presentes na audiência outros trompetistas “melhores” que você, nenhum deles tem som com o teu nem fará uma interpretação como a tua. Mesmo bons profissionais experimentam um “frio na espinha” antes de suas apresentações.
Se uma reação do nervosismo for boca seca, experimente passar a ponta da língua nos dentes superiores
Não pense que os que estão assistindo vieram para pinçar os erros que porventura ocorrerão. Desejam se expor ao prazer único proporcionado por apresentações ao vivo. Não seja muito rígido consigo mesmo e não execute auto-análise quando estiver tocando. Estabelecer altos padrões é bom, mas se forem muito altos, é perigoso e cria medos.

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